30 outubro, 2009

O Encontro
Em redor, o vasto campo. Mergulhado em
névoa branda, o verde era pálido e opaco.
Contra o céu, erguiam-se os negros
penhascos tão retos que pareciam recortados
a faca. Espetado na ponta da pedra mais alta,
o sol espiava atrás de uma nuvem.
“Onde, meu Deus?! – perguntava a mim
mesma – Onde vi esta mesma paisagem,
numa tarde assim igual?”
Era a primeira vez que eu pisava naquele
lugar. Nas minhas andanças pelas
redondezas, jamais fora além do vale. Mas
nesse dia, sem nenhum cansaço, transpus a
colina e cheguei ao campo. Que calma! E que
desolação. Tudo aquilo – disso estava bem
certa – era completamente inédito pra mim.
Mas por que então o quadro se identificava,
em todas as minúcias, a uma imagem
semelhante lá nas profundezas da minha
memória? Voltei-me para o bosque que se
estendia à minha direita. Esse bosque eu
também já conhecera com sua folhagem cor
de brasa dentro de uma névoa dourada. “Já vi
tudo isto, já vi... Mas onde? E quando?”
Fui andando em direção aos penhascos.
Atravessei o campo. E cheguei à boca do
abismo cavado entre as pedras. Um vapor
denso subia como um hálito daquela garganta
de cujo fundo insondável vinha um
remotíssimo som de água corrente. Aquele
som eu também conhecia. Fechei os olhos.
“Mas se nunca estive aqui! Sonhei, foi isso?
Percorri em sonho estes lugares e agora os
encontro palpáveis, reais? Por uma dessas
extraordinárias coincidências teria eu
antecipado aquele passeio enquanto dormia?”
Sacudi a cabeça, não, a lembrança – tão
antiga quanto viva – escapava da
inconsciência de um simples sonho.[...]
TELLES, Lygia Fagundes. Oito contos de
amor. São Paulo: Ática.
Na frase “Já vi tudo isso, já vi... Mas onde?”( 23-24), o uso das reticências sugere
(A) impaciência.
(B) impossibilidade.
(C) incerteza.
(D) irritação.

Seja criativo: fuja das desculpasmanjadas


Entrevista com teens, pais e psicólogos
mostram que os adolescentes dizem sempre
a mesma coisa quando voltam tarde de uma
festa. Conheça seis desculpas entre as mais
usadas. Uma sugestão: evite-as. Os pais
não acreditam. Nós tivemos que ajudar uma senhora
que estava passando muito mal. Até o
socorro chegar... A gente não podia deixar a
pobre velhinha sozinha, não é?O pai do amigo que ia me trazer
bateu o carro. Mas não se preocupem,
ninguém se machucou! Cheguei um minuto depois do ônibus
ter partido. Aí tive de ficar horas esperando
uma carona... Você acredita que o meu relógio
parou e eu nem percebi?Mas vocês disseram que hoje eu
podia chegar tarde, não se lembram?Eu tentei avisar que ia me atrasar,
mas o telefone daqui só dava ocupado!

De acordo com o texto, os pais não acreditamem
(A) adolescentes.
(B) psicólogos.
(C) pesquisas.
(D) desculpas

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